“Não existe saúde pública sem saneamento”.

Com o carisma de quem fala sobre medicina e ciência com naturalidade, muita clareza e o conhecimento de uma vida dedicada à saúde pública, o médico Drauzio Varella fala sobre a profunda ligação entre saúde pública e o saneamento básico. Em uma conversa franca ele compartilha lembranças, dados históricos e experiências de vida que revelam como a falta de água e esgoto tratados impactou (e ainda impacta) a vida de milhões de brasileiros — especialmente crianças e idosos. Da infância no Brás ao trabalho no Hospital das Clínicas, passando por experiências marcantes com doenças evitáveis, Drauzio expõe com clareza a urgência de olhar para o saneamento como política de saúde pública. Um depoimento necessário e cheio de humanidade. Confira!

Quando começou seu interesse pela medicina, pela saúde pública e saneamento?

Drauzio Varella – Tenho uma enorme admiração pelos profissionais que trabalham com saneamento, pois desde a minha formação percebi a forte relação entre saneamento e saúde pública. A minha relação com a medicina começou desde criança, eu sempre falei que queria ser médico. Eu nasci em São Paulo, em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, em um bairro operário, no Brás, era cheio de fábricas e habitado, na maior parte, por imigrantes italianos, espanhóis e portugueses, basicamente. E como os italianos eram mais barulhentos, eles apareciam mais no bairro. Na frente da minha casa tinha uma fábrica, eu jogava bola o dia inteiro ali. A calçada da fábrica era o nosso campo de futebol. Eu não virei craque no futebol por falta de talento, porque de treino não foi. Aos sete anos de idade, um dia acordei com os olhos inchados e meu pai me levou ao pediatra – eu perdi a minha mãe muito cedo. Foi a primeira vez que eu fui ao médico. Da minha casa à Praça da Sé, onde era o consultório, levava trinta minutos, a pé. Ninguém, nem eu, nem aquela molecada que jogava bola comigo tinha ido ao pediatra. Imagina, o Brasil era um país rural naquele tempo – 70% da população vivia no campo. Crianças que moravam a 30 minutos da Praça da Sé não iam ao pediatra, imagina o que era a saúde pública no resto do país. Simplesmente não existia. Não havia saúde pública. Olha o salto que o país deu. Hoje eu ando muito pelo Brasil por causa das gravações para a televisão e você não encontra em nenhum lugar no Brasil, mesmo nas cidades mais pobres, em que as crianças não têm acesso à vacinação. Houve uma mudança absurda, numa única geração e devemos isso ao sistema público de saúde, que revolucionou a saúde pública no Brasil.

Como você vê a relação entre saúde e saneamento?

Drauzio Varella – Estão muito ligados, não se pode falar em saúde sem saneamento. Eu entrei na faculdade em 1962, me formei em 1967 e frequentava o Hospital das Clínicas, que era um hospital escola que recebia doentes do país inteiro. Quais eram os problemas que nós tínhamos naquela época? Os problemas eram as endemias locais. Eles vinham com esquistossomose, doença de Chagas, malária, verminoses – todas as crianças tinham verminoses. Era uma coisa impressionante. Houve um estudo feito na periferia de São Paulo que mostrou que mais de 90% das crianças eram infestadas por vermes.

Qual o impacto que essa situação gerava?

Drauzio Varella – As crianças morriam por causa da falta de saneamento. Esse era o problema. As crianças tinham diarreia e daí desidratavam. As mães, mulheres simples, não conheciam aquilo e, quando a criança estava em um estado muito grave, começava a perder as forças, elas achavam um jeito de levar para o hospital. Não era fácil também, porque não tinha um sistema de transporte decente. Muitas vezes era o carro da polícia que levava. Chegavam ao hospital com os bebês enrolados em chales, podia ser o calor de janeiro. Os olhos afundados, molinhos, largados – desidratados. O pronto-socorro de pediatria do Hospital das Clínicas era uma sala pequena. Tinha uns 30 bercinhos de madeira e a criança ficava ali, a mãe ao lado, em uma cadeira. Eles morriam na cara da gente. Essa foi uma das experiências mais traumáticas que eu vivi como médico. Você estava atendendo uma criança aqui e, chamavam para olhar para trás, e aí a de trás estava morta. Era difícil um plantão de 12 horas em que não morressem duas, três crianças. Quando a criança morria, aquela mãe começava a chorar, contaminava as outras, todas choravam e depois ficavam quietas. Fazia parte da vida naquele tempo.

O senhor chegou a ver mortes causadas diretamente por vermes?

Drauzio Varella – Eu vi criança morrer sufocada por um bolo de Áscaris lumbricoides, um verme que deposita seus ovos no intestino, vai para as fezes e contamina o solo. No corpo, ele cresce no intestino, mas depois ele migra e vai acontecer o quê? A pessoa pode morrer sufocada. Aconteceu há pouco tempo entre os Ianomâmis. Há muito tempo a gente não ouvia falar dessas coisas. Cirurgia em crianças e em adultos por novelos de áscaris que obstruem o intestino. Depois, um medicamento resolveu esses casos, mas essa era a realidade da vida na cidade que mais crescia no Brasil em uma época sem saneamento básico. Então, olha a importância que teve o saneamento para a saúde pública, porque é básico.

Qual outra medida de saúde pública teve maior impacto?

Drauzio Varella – Tem uma revista importante, que é a The Lancet, que fez um trabalho junto à Organização Mundial da Saúde, mostrando a medida mais importante, de maior impacto na saúde pública do mundo no século XX. Claro que a gente pensa imediatamente nas vacinas, que realmente tiveram uma importância enorme, mas não foram. A medida mais importante de todos os aspectos da saúde foi o soro caseiro. A proporção de sal e açúcar que se põe em um litro de água para dar para as crianças com desidratação. E foi a medida mais importante de saúde pública do mundo inteiro por causa da desidratação que vem das diarréias das crianças e dos idosos. O que exemplifica bem a importância que tem o saneamento, pois com ele se corta o risco dessas doenças gastrointestinais.

O senhor acompanhou de perto a evolução da saúde pública no Brasil. O que mudou ao longo das décadas?

Drauzio Varella – Nós fomos evoluindo, melhorando, o saneamento começou a aparecer em alguns lugares, a periferia de São Paulo começou a ficar mais urbanizada e isso foi acontecendo no território nacional. Mas nós não prestamos atenção nessa coisa do saneamento. E a população brasileira mudou completamente, os problemas são outros agora. Quando eu nasci, a expectativa de vida era de 50 anos. Não chegava a 50 anos, na verdade. Hoje, se morre alguém na família com 70 anos, a gente diz que morreu moço, não é verdade? Nós estamos vivendo muito mais. A longevidade é muito maior. A faixa da população que mais cresce é aquela que está acima de 50 anos, de 60 anos. Essa é a que mais cresce na população brasileira.

Qual a relação do saneamento com a mortalidade infantil?

Drauzio Varella – Quando eu nasci, eram 73 óbitos para cada mil nascimentos. Em muitos lugares do Brasil, era acima de 100 óbitos por cada nascimento. A cada 10 crianças morria uma. Eu lembro que quando a gente aprendia a tirar a história dos pacientes, o professor dizia, olha, vocês perguntam, quantos filhos a senhora teve? Ela vai dizer um número. E a pergunta seguinte é muito importante. Quantos a senhora criou? Porque morrer criança era normal. Ela fazia parte da história da vida de cada pessoa. E era assim: tive doze, criei quatro. Ninguém se surpreendia com esses números. A criança morria e as mortes vinham especialmente da falta de saneamento. As mortes vêm das desidratações e das infestações por várias doenças. Agora, nós conseguimos proteger as crianças através das vacinas e tudo o que nós temos hoje, 12 óbitos para cada 1.000 nascidos vivos, que é um número alto ainda, mas é incomparavelmente mais favorável do que foi no passado. Em países mais desenvolvidos, como os da Europa e Japão, a relação da mortalidade chega a 4, 5 óbitos para cada 1.000. Temos que considerar que há crianças que não têm como evitar que morram no primeiro ano de vida porque vêm com defeitos genéticos graves.

Qual a relação do saneamento com a longevidade?

Drauzio Varella – Estamos envelhecendo. Vivendo mais, mas envelhecendo mal. Pressão alta e diabetes, duas das mais comuns, são doenças crônicas, você não cura e é uma sobrecarga para o SUS insuportável. Quando o SUS foi fundado, em 1988, a nossa população era bem mais jovem. E aí os problemas de saúde eram problemas avulsos. Era de alguém que ficou resfriado e complicava, ficava com pneumonia, aí ia ao posto de saúde, recebia o antibiótico e voltava para casa. Hoje mudou, os problemas têm que ser controlados. Estamos vivendo o reverso da situação anterior, porque ninguém escapava – aos 50 anos, as pessoas começavam a morrer. Eu lembro bem da expressão sexagenária que se usava no passado: sexagenário foi atropelado na Avenida Paulista. Quem fala essa palavra agora? A expectativa de vida no início do século, não passava de 40 anos. Agora nós passamos a lidar com pacientes de 80, de 90 anos. Por outro lado, nessa população mais frágil, o saneamento adquire uma importância tão grande quanto tinha no passado com as crianças, porque são populações que têm problemas de saúde e uma fragilidade imunológica. Se você tem uma chance de adquirir infecções banais, elas podem ser fatais nessa faixa etária. Porque você imagina, claro, no apartamento que eu moro, eu abro a torneira, sai água tratada, meu esgoto funciona maravilhosamente bem. Mas quanto por cento da população brasileira vive nessas condições? A maioria vive em condições precárias.

Qual as consequências da desigualdade de acesso ao saneamento?

Drauzio Varella – As periferias das nossas cidades são muito parecidas. São locais em que você não tem água de boa qualidade, que você não tem esgoto… Muitas vezes o esgoto corre pela calçada. O que vai acontecer com os que envelhecem nessas condições? Vão morrer muito mais cedo. Eu vi um trabalho feito aqui em São Paulo que analisa a expectativa de vida dependendo do local onde a pessoa vive. Quem vive em Moema tem uma expectativa de vida de 81 anos. Em Brasilândia, na periferia, a expectativa de vida mal chega aos 60 anos. Então, dentro da própria cidade, você tem essa diferença. E essa diferença vem por quê? Dificuldade de acesso à saúde cotidiana. Casas inadequadas, falta de saneamento, falta de água de qualidade, tempo que a pessoa deve andar na condução, no transporte, falta de espaço de lazer para as pessoas possam andar e fazer exercício. Mas, na verdade, como é que a gente pensa na saúde de hoje? Doenças crônicas são 80% do atendimento do SUS.

Qual o impacto da saúde preventiva nos custos públicos?

Drauzio Varella – Um bom comparativo vem dos Estados Unidos. Os americanos não têm medicina preventiva. Eles já resolveram os problemas fáceis, mas eles não têm saúde pública, no sentido mais global da palavra. Eles agem em 20% da população a um custo de 17% do Produto Nacional Bruto deles, que chega a quase 20 trilhões de dólares. Então, são 3 trilhões e 400 bilhões de dólares. É um investimento maior do que o PIB brasileiro. E os americanos vivem, em média, 78 anos e a expectativa de vida no país tem caído nos últimos anos. A expectativa de vida nos Estados Unidos é igual a de Cuba, que é um país super pobre. Quem nasce em Santa Catarina ou no Espírito Santo, vive mais do que o americano médio. Olha a diferença. O orçamento geral do SUS é de 200 e poucos bilhões de reais. Então a saúde depende do que? De não deixar as pessoas ficarem doentes. É aí que está o interesse maior nesse momento. O que mais me dói é que o SUS tem tudo o que precisa para a saúde pública. Não tem que inventar nada. Não precisa inventar nada, nenhum programa especial, nós já temos.

Qual o programa que o senhor considera especial?

Drauzio Varella – É o maior programa de saúde pública do mundo, considerado, não por mim, mas pela própria Organização Mundial da Saúde: Estratégia Saúde da Família. Isso começou no Ceará. O Tasso Jereissati, quando era governador do Ceará, passou por uma seca horrível e precisou dar emprego para aqueles homens que não encontravam trabalho. Então criou a abertura de estradas e esses homens iam com as suas famílias. Aí ele achou um jeito de ocupar também as mulheres e criou um sistema de agentes comunitários, que iam de casa em casa perguntando o que estava acontecendo e começou a fazer a saúde básica da família. Depois, o programa foi ampliado. Ele envolve os agentes comunitários e são equipes com técnicas e auxiliares de enfermagem, uma enfermeira e um médico. Olha que programa barato é esse. Gasta o quê? Gasta o salário desse pessoal. Não é à toa que é considerado o maior programa de saúde pública do mundo inteiro. Esse, das entidades, da estratégia de saúde da família. É aí que são detectados os problemas. Acho que essa ligação entre os agentes comunitários e o trabalho do saneamento pode ser muito útil. Eu não tenho a menor ideia de como pode ser feito isso, mas eles podem ajudar muito, porque são coisas simples. Sabe quanto você evita de internações hospitalares com o médico da família? Tem vários trabalhos sendo feitos em várias cidades do mundo, inclusive aqui no Brasil, no Espírito Santo, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina também. Isso reduz em cerca de 90% o número de internações consultadas. Olha o impacto no SUS e na vida das pessoas. Isso evita que a pessoa seja internada e que aí sim vai ter um custo muito grande no sistema de saúde.

Como o senhor enxerga a importância dos agentes comunitários no cuidado da saúde pública e sua possível relação com o saneamento?

Drauzio Varella – A simplicidade do funcionamento e a grandiosidade dos resultados. São cerca de 240 mil agentes comunitários. Se você somar mais uns 150, 160 mil agentes de endemias rurais, nós vamos aí com uns 400 mil. Nem as Forças Armadas Brasileiras têm esse batalhão nas ruas. Agentes que vão de casa em casa vendo se tem foco de mosquitos, cuidando da hidratação e do básico. Cobrem mais ou menos dois terços da população. São mais ou menos 65 milhões de brasileiros atendidos por essa rede. Isso reduz em cerca de 90% o número de internações consultadas. Olha o impacto no SUS e na vida das pessoas. Isso evita que a pessoa seja internada e que aí sim, terá um custo muito grande no sistema de saúde.

Como o saneamento pode ser integrado a essa atuação?

Drauzio Varella – A ligação entre os agentes comunitários e o trabalho do saneamento pode ser muito útil. Então, se a comunidade estiver integrada com o saneamento básico, como eu acho que ela tem que estar integrada com o funcionamento, vai haver uma grande melhoria entre nós. Quem atua no setor pode contribuir com soluções criativas, porque não pode desperdiçar essa força de trabalho que é enorme.

O que pode ser feito para as pessoas entenderem a importância do saneamento e se conectarem?

Drauzio Varella – Não é fácil, tem que investir em educação, outra forma também de esclarecimento é explicar a diferença da água tratada e do poço no fundo do quintal. A única forma é dar estímulo, explicar. Aí vejo um papel importante nos agentes de saúde. Não tem nada mais fundamental do que uma pessoa bater na sua porta e dizer, como você está? Está bem? Está controlando a pressão? O seu marido está tomando a medicação certinha? O seu pai está muito esquecido? Isso é fundamental, porque a partir daí essa deve ser a única entrada no sistema de saúde. E aí você pode realmente incluir o saneamento básico, que é uma medida, imagina, mais fundamental impossível, né?

Por que ainda é tão difícil engajar a comunidade médica com o tema do saneamento?

Drauzio Varella – Olha, eu vou te responder exatamente o que eu penso. Estudei numa universidade pública, na Universidade de São Paulo, e tive uma formação bastante adequada para a época. E a gente aprendia tratando de quem? Tratando de gente pobre. E os estudantes que faziam internato e residência saíram bem preparados para a vida prática. O ideal é que a gente aprendesse medicina para abrir um consultório. Estamos colocando de uma forma bem pura. Preparamos médicos em hospitais de escola e é para eles depois encontrarem algum lugar no mercado. O nosso problema não é o número de médicos. O nosso problema é a distribuição. Enquanto temos, sei lá, Vitória do Espírito Santo, 17 médicos para cada mil habitantes, você vai para o norte do Brasil, que é a região mais desprotegida, e você encontra 0,5 médicos para cada mil habitantes. Hoje em dia, uma faculdade de medicina custa 10 mil reais em média. Quem é que vai estudar medicina? A classe média alta. Porque mais de 80% das faculdades são particulares. Você acha que esses novos médicos, que moram no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, ou em Fortaleza, criados por uma família que pode pagar 10 mil reais por mês no estudo deles, vão se formar e vão para São Gabriel da Cachoeira, no Rio Negro? Ou vão para o sertão do Ceará, na região de Quixeramobim? Claro que não. Então, continuamos insistindo no mesmo tipo de preparação.

O senhor acredita que há soluções possíveis?

Drauzio Varella – Precisaria o que nesse momento? Teríamos que ter o Ministério da Saúde atento para esse problema, e eu acho que ele está neste momento, buscando formas de modificar. E há outras formas possíveis, a telemedicina, por exemplo, e tantas outras soluções que a tecnologia foi capaz de mostrar. Mas o que é necessário mesmo é uma consciência. E quando você analisa os nossos conselhos regionais, eles estão presos a esse modelo do passado e não têm nenhum interesse prático nesse tipo de discussão que você produz.

Uma mensagem final para os leitores do portal Saneamento Salva?

Drauzio Varella – Tem que se conectar com a saúde. Tem que andar junto. O agente comunitário tem que estar ali, perguntando se a pressão está controlada e também se a água é potável, se o esgoto está sendo bem tratado. Isso muda vidas. E salva. Salva mesmo.

Mais sobre Drauzio Varella

Antônio Drauzio Varella nasceu no dia 3 de maio de 1943, em São Paulo. Viveu sua infância no Brás, bairro operário da capital paulista. Com o incentivo do pai, passou em 2° lugar no vestibular e formou-se em 1967 como médico cancerologista pela Universidade de São Paulo (USP). Ainda durante a faculdade, começou a dar aulas para pré-vestibulandos e, mais tarde, foi um dos fundadores do Cursinho Objetivo, onde lecionou durante muitos anos. Também atuou como professor em universidades, tanto nacionais quanto estrangeiras. é também escritor, professor, pesquisador e um dos maiores divulgadores científicos do Brasil. Atuou no combate à AIDS desde os primeiros casos no país, dedicou mais de duas décadas à medicina voluntária em presídios e escreveu livros premiados como “Estação Carandiru”. Apresenta quadros de saúde na TV, na Web e é referência no combate ao tabagismo. Maratonista e entusiasta da medicina preventiva, Drauzio segue comprometido em levar informação de qualidade para todos.