O Instituto Trata Brasil, em parceria com a GO Associados, divulgou a 16ª edição do Ranking do Saneamento, analisando a situação dos 100 municípios mais populosos do Brasil. O estudo mostra que, apesar de pequenos avanços, a universalização do saneamento ainda caminha lentamente e exige investimentos mais robustos e políticas públicas eficazes.
Os dados, com ano-base de 2022, indicam que a coleta de esgoto aumentou de 55,8% para 56%, enquanto o tratamento subiu de 51,2% para 52,2%, representando um crescimento de apenas 1 ponto percentual. Ainda hoje, mais de 90 milhões de brasileiros vivem sem acesso à coleta de esgoto e quase 32 milhões sem água potável, o que resulta em graves impactos na saúde pública e no meio ambiente.
Destaques positivos do Ranking
Os municípios de Maringá (PR), São José do Rio Preto (SP) e Campinas (SP) conquistaram as melhores posições no ranking, atingindo índices que os qualificam como universalizados segundo o Marco Legal do Saneamento: 99% de cobertura de água e 90% de coleta e tratamento de esgoto.
Entre os 20 melhores municípios, a maioria está concentrada nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, revelando também a forte correlação entre maior volume de investimentos e melhores indicadores de saneamento.
Desafios nas piores posições
As regiões Norte e Nordeste concentram a maior parte dos 20 piores municípios, muitos deles com taxas alarmantemente baixas de coleta e tratamento de esgoto. Capitais como Macapá (AP) e Porto Velho (RO), por exemplo, têm menos de 10% de cobertura de coleta de esgoto.
A falta de investimentos é um fator determinante: enquanto os 20 melhores municípios investem em média R$ 201,47 por habitante ao ano, os 20 piores investem apenas R$ 73,85, valor muito abaixo do necessário para alcançar a universalização.
Análise das Capitais Brasileiras
Entre as 27 capitais: apenas nove atingiram 99% de abastecimento total de água. Oito capitais coletam mais de 90% do esgoto gerado. Apenas cinco capitais tratam ao menos 80% do esgoto. Destaques positivos: Curitiba (PR), Boa Vista (RR), Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF). Situações críticas: Macapá (AP), Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO).
Em relação às perdas na distribuição de água, somente Goiânia (GO) e Campo Grande (MS) apresentaram índices adequados, inferiores a 25%. No quesito investimentos, Cuiabá (MT) lidera, com investimento médio anual de R$ 472,42 por habitante, sendo a única acima da referência do PLANSAB (R$ 231,09 por habitante).
Conclusão e alerta para 2033
O Ranking do Saneamento 2024 reforça que o cenário permanece crítico: 14 dos 20 melhores municípios e 18 dos 20 piores continuam nas mesmas posições de anos anteriores. A estagnação reforça o alerta sobre a necessidade de ações urgentes.
Com a meta de universalizar o saneamento até 2033 prevista no Marco Legal do Saneamento (Lei 14.026/2020), municípios e estados precisam acelerar os investimentos, fortalecer a gestão dos serviços e colocar o saneamento básico no centro das discussões políticas, especialmente em um ano de eleições municipais.
O acesso à água e ao esgoto tratado é essencial para garantir saúde, dignidade e desenvolvimento sustentável para todos os brasileiros.
Acesse a publicação completa em Ranking do Saneamento 2024