O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) divulgou em março de 2024 uma análise alarmante: 2,1 milhões de crianças e adolescentes (0 a 19 anos) vivem sem acesso adequado à água potável no Brasil. Os dados, baseados no Censo Demográfico 2022 do IBGE, reforçam a urgência de investimentos e políticas públicas para garantir água de qualidade para todos, sem exceções.
A falta de acesso seguro à água impacta diretamente o bem-estar, o pleno desenvolvimento e a saúde das crianças, comprometendo também o direito à alimentação adequada, à educação e à proteção contra doenças. O levantamento revela que o problema atinge de forma desproporcional os mais vulneráveis:
- 4,7% das crianças e adolescentes negros vivem sem acesso adequado à água, o dobro da taxa registrada entre brancos (2,2%).
- Entre crianças e adolescentes indígenas, o cenário é ainda mais grave: 25% não têm acesso adequado à água, ou seja, 11 vezes mais que os brancos.
- Regionalmente, os 15 estados com piores índices estão concentrados nas regiões Norte e Nordeste.
Água, saúde e risco de morte
A crise de acesso à água está diretamente associada a doenças infecciosas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a diarreia responde por cerca de 20% das mortes de crianças menores de 5 anos no mundo. No Brasil, estudo da Fundação Oswaldo Cruz (2022) estimou que crianças indígenas têm 14 vezes mais chances de morrer por diarreia do que outros grupos.
O problema também é grave nas instituições de ensino. O Censo Escolar 2023 indica que 1,2 milhão de estudantes estão matriculados em 7,5 mil escolas públicas que não possuem acesso adequado à água potável. Entre essas escolas, 3 mil não têm acesso à água de forma alguma, afetando 224 mil crianças e adolescentes. A precariedade no acesso à água nas escolas compromete o direito à educação, aumentando riscos de abandono, atraso escolar e ampliando ainda mais as desigualdades sociais.
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