Lavar as mãos salva vidas

Lavar as mãos é uma verdadeira linha de frente na prevenção de doenças que ainda atingem milhões de pessoas no Brasil. Quando bem lavadas, com água e sabão, nossas mãos deixam de ser veículos para vírus, bactérias e parasitas que podem causar infecções sérias. Mas esse gesto simples ainda é negligenciado por muitos brasileiros. 

Apesar da pandemia de COVID-19 ter reforçado sua importância, especialistas alertam que o hábito pode estar em declínio. “Muita gente, mesmo com acesso à água e sabão, não lava as mãos com a frequência necessária ou faz isso de maneira inadequada”, afirma Tania Zaverucha do Valle, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro (Fiocruz, RJ).

Ameaças invisíveis na palma das mãos

A lista de doenças que podem ser evitadas com esse cuidado é grande: diarreias, gastroenterites, infecções respiratórias (como gripes e resfriados), hepatite A, verminoses e até infecções por rotavírus, uma das principais causas de diarreia grave em crianças pequenas.

“São os microrganismos invisíveis que mais circulam entre nós. E as mãos são as principais caronas deles”, explica a pesquisadora. Num país onde boa parte da população ainda não tem acesso pleno ao saneamento básico, reforçar esse hábito é urgente. Afinal, a prevenção começa na palma da mão.

O hábito que evita infecções: saúde 

Em lugares sem saneamento básico, muitas doenças se espalham com facilidade. “Se temos esgoto a céu aberto as fezes contaminadas não estão restritas ao vaso sanitário, estão onde as pessoas vivem e onde as crianças brincam, isso aumenta muito a contaminação do ambiente”, explica a pesquisadora. 

Nem toda sujeira é visível – não é por não estar vendo que as mãos estão limpas. Micróbios perigosos podem ficar no chão por muito tempo, e, sem perceber, as pessoas levam as mãos sujas à boca, nariz ou olhos, pegando infecções.

“A gente está falando de organismos microscópicos. Passar água na mão tira a sujeira visível e até um pouco da invisível, mas tem que passar sabão e esfregar para remover tudo. E esfregar todas as partes da mão”, orienta (veja mais em Dicas que Salvam).

A importância da educação 

A melhor maneira de aprender a cuidar da lavagem das mãos é praticar e isso deve começar na infância. “Em casa temos que mostrar aos nossos filhos como fazer, mas a escola também pode e deve ajudar nisso. A gente aprende a ler, escrever, somar, por que não aprende também a lavar as mãos? Tem que aprender. E não é só uma vez, é sempre pois tem que ser um hábito. Tem que ser intuitivo. A gente tem que se sentir mal se chega da rua e não vai direto ao banheiro lavar as mãos ou não passa na pia antes de sentar à mesa”, diz a pesquisadora.

O papel das políticas públicas

Políticas públicas também desempenham um papel essencial na promoção da higiene das mãos, especialmente em comunidades vulneráveis. Programas como o WASH (Water, Sanitation and Hygiene) da UNICEF destacam a necessidade de acesso universal à água tratada e ao saneamento como medidas fundamentais para a saúde pública.

“Sem saneamento básico adequado, não basta conscientizar sobre a lavagem das mãos. É preciso garantir que as pessoas tenham água tratada na torneira e sabão disponíveis para fazer isso”, reforça Zaverucha do Valle.

Veja em DICAS QUE SALVAM como se prevenir.

Tania Zaverucha do Valle, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro (Fiocruz, RJ), explica a importância de lavar as mãos.

Texto: Andrea Santa Cruz.